Unitetas e Afins: Uma Aventura de Radioterapia, Amizades e Gargalhadas!

Há um ano, comecei uma caminhada que, para ser sincera, me parecia mais uma missão impossível do que uma simples viagem para Coimbra. Estava prestes a embarcar na "grande aventura" da radioterapia, equipada com coragem, determinação, e, claro, as novas "Unitetas". Mas, desta vez, o clube cresceu! Sim, sim, juntaram-se a nós os "Unitetas", porque até na radioterapia somos inclusivos. E assim nasceu a glamorosa "Unitetas e Afins" – o clube mais exclusivo de quem está a combater o cancro com estilo!

A grande aventura começou numa segunda-feira, 21 de agosto, às 9:00 da manhã. Lá estávamos eu e o Luís, o meu fiel escudeiro, no IPO, prontos para a ação. Mas, como qualquer filme digno de nome, houve uma reviravolta no enredo: fui informada de que o meu tratamento só começaria às 17:30! E eu, com as expectativas todas lá no alto, fui logo apanhada de surpresa. Mas calma, que já tinham tudo pensado – motorista incluído – para me levar ao meu novo lar temporário: a Casa Sagrada Família, em Coimbra.

Quando chegámos ao hotel, não quis acreditar nos meus olhos. Esqueçam lá o conceito de "simples hospedagem" – aquilo era um palacete digno de novela! Toquei a campainha com a mesma hesitação de quem está prestes a entrar num castelo encantado, e não é que aparece uma irmã para me guiar até à receção? Fui recebida pela D. Ângela que por um momento, pensei estar ali para umas férias relaxantes e não para um tratamento. Depois das formalidades, ela deu-me um tour pelo hotel – desculpem, pelo palácio – e conduziu-me ao meu quarto. Simples, sim senhor: uma cama, uma secretária, um roupeiro e um WC, tudo muito limpinho e arrumadinho. Mas sabem como é, com a minha veia de humor, logo batizei o quarto de “a minha solitária”. Só que, em vez de parecer uma cela, era mais um retiro espiritual com aquele toque vintage que nos faz sentir em casa.

Depois de despedir o Luís (que, confesso, me deixou com o coração apertado), comecei a explorar o espaço e a conhecer os meus novos companheiros de caminhada. Entrar na Casa Sagrada Família foi como dar um salto no tempo e aterrar diretamente na sala de estar da minha avó Irene. Os móveis, as cortinas, o cheiro a casa antiga... tudo me envolveu numa nostalgia calorosa, como um abraço que me lembrou dos tempos de infância.

Foi ali que conheci pessoas que, sem sombra de dúvida, vou levar no coração para sempre. A doce Anabela, que conseguiu fazer o impossível: acordar-me às 6:30 da manhã para ir à missa no convento das Carmelitas. A Ana Maria, sempre prestável; as adoráveis D. Cristina e D. Gabriela; a energética Jénifer; e a afável Idalina. E claro, os senhores Inácio (o grande) e Inácio (o não-tão-grande-mas-igualmente-simpático) e o Sr. António, todos parte deste pequeno exército de guerreiros da radioterapia. Ah, e não me posso esquecer do Sr. Gil, o nosso motorista! Um verdadeiro mestre da pontualidade que nos levava e trazia do IPO com a precisão de um relógio suíço.

As manhãs começavam ao som dos sinos às 7:00 – uma espécie de despertador celestial que ecoava por todo o hotel. E lá íamos nós, em procissão, para a missa das Carmelitas. Confesso que, apesar de não ser a pessoa mais religiosa do mundo, aquelas vozes angelicais das irmãs de manhã cedo tinham qualquer coisa de mágico, até eu me rendi à serenidade do momento!

Foram três semanas de radioterapia, mas também de muita camaradagem e risadas. Todos estávamos ali com o mesmo propósito: ficar bons e seguir em frente. E, com um grupo tão espetacular ao nosso lado, essa caminhada tornou-se numa aventura inesquecível. Porque, sejamos realistas, quando se está rodeado de pessoas fantásticas, qualquer desafio se transforma numa história para contar com um sorriso no rosto e, quem sabe, uma gargalhada pelo caminho.

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Regina Ruivo

Casa Da Sagrada Família | Coimbra