Como Um Livro, Uma Tempestade e Um Cardeal Levaram o 'Dor com Humor' ao Vaticano

Se me dissessem, há uns anos, que um dia estaria em Roma, a ver o Papa e a entregar-lhe o meu livro, teria soltado uma gargalhada daquelas bem sonoras. Mas como a vida é cheia de surpresas (e teimosia), lá estava eu, no dia 25 de setembro de 2024, a realizar mais um sonho daqueles que parecem loucura. Depois de uma dura luta contra o cancro da mama, prometi a mim mesma: vou escrever um livro, vou falar com o Goucha, e um dia… vou entregar esse livro ao Papa. Bem, posso dizer que o último item dessa lista foi check!

A aventura começou num sábado ensolarado, quando eu e os meus destemidos companheiros de viagem aterrámos em Roma, prontos para conquistar a cidade (e o Vaticano). No domingo, fomos à missa na Basílica de São Pedro às 11h00 – porque, claro, se vamos a Roma, vamos em grande estilo! E às 12h00, lá estava ele, a Sua Santidade, na janela, acenando à multidão. Um momento daqueles que nos fazem acreditar que tudo vale a pena, até as filas gigantes.

Mas a grande aventura estava guardada para a quarta-feira, dia da audiência papal. Tudo corria bem até à noite anterior, quando o céu decidiu abrir as comportas. Parecia o Dilúvio! Relâmpagos, trovões e chuva torrencial, como se o universo quisesse testar a minha paciência. Ansiosa como estava, nem preguei olho. Mas, como a fé move montanhas (e seca nuvens), às 6h00 da manhã a tempestade parou, e o sol deu o ar da sua graça. Coincidência? Acho que não.

Às 7h00, já estávamos na fila para entrar no Vaticano, com uma multidão a rodear-nos. Mas a nossa missão era clara: chegar às primeiras filas! E conseguimos. Quando o Papa passou de carro, ali mesmo à nossa frente, fiquei completamente arrebatada – lágrimas, risos, abraços… Tudo ao mesmo tempo. Ele falou aos fiéis e, por volta das 10h00, a audiência terminou. Só que, para mim, ainda faltava o mais importante: entregar o meu livro, "Dor com Humor", ao Papa.

A maioria das pessoas já estava a sair, mas eu não estava pronta para desistir. Com o livro na mão e muita esperança no coração, vi um Cardeal a tirar fotos com um casal – oportunidade perfeita! Lá fui eu, com o Luís ao meu lado (que valeu mais do que um anjo da guarda), e conseguimos que o Cardeal nos ouvisse. Ele não falava inglês, mas a vida é generosa com quem tem fé – uma tradutora apareceu do nada, e, momentos depois, o Cardeal chamou um segurança do Papa. E o que fizemos? Entregámos o livro!

Roma ensinou-me muito mais do que história e arquitetura. Mostrou-me, mais uma vez, que a fé, a esperança e a resiliência fazem milagres. Este livro no Vaticano é a prova de que o que parece impossível só precisa de determinação e uns quantos anjos disfarçados para se tornar realidade.

E, claro, um agradecimento eterno a todos os que embarcaram nesta louca aventura comigo. Entre um livro, uma tempestade e um Cardeal, provámos que até os sonhos mais improváveis se tornam possíveis com fé e resiliência. Agora só falta uma coisa: qual será o próximo sonho que vou riscar da lista?

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